Prefácio: What's up, doc???

Cada dia que passa, aprender a língua inglesa tornar-se importante. Seja por questões de trabalho, de estudos ou pela própria onda de globalização, a verdade é que a língua inglesa ganha importância como uma língua franca, o latim do tempos contemporâneos. E como o estudante de Letras/Inglês se enquandra dentro deste novo mundo??? Com a velocidade e o volume cada vez mais crescente de informações, a sala de aula em se já não basta apenas local de aquisição de informações. Acompanhar as tendências que ajudem na sua formação implica hoje usar outros espaços e momentos. Para isso que surge este blog, como outro local onde os alunos de Letras/Inglês da UNEB (Campus 01) possam dividir e debater opiniões acerca dos temas do nosso curso.

setembro 10, 2008

Sobre contos - uma resposta ao Exmo Cristiano Lombardi

(aproveitando para exercitar meu lado "Mr. Hyde" no blog... depois retornarei como "Dr. Jekyll")

Caro Sir Cristiano Lombardi

No post "What is short-story?" (http://unebian.blogspot.com/2008/09/what-is-short-story-there-are-many-ways.html), o Exmo Sr. Cristiano Lombardi presentou sua visão, um ensaio sobre uma teoria do Conto. Concordo que o trabalho é bem escrito e fundamentado. Embora eu reconheça que ele colocou a questão é ótimos termos, não posso deixar de expressar minhas discordâncias em alguns pontos.

O Exmo. crítico literário está certo quando coloca que é difícil definir o gênero "conto" somente em aspectos númericos. Como diz o prof. John Keating, literatura não é algo que se meça em números ou que uma pessoa possa dizer "Gostei de Byron mas ele não serve para dançar". Todavia, apesar de reconhecer que conto ou "short-story" seja definada pelo número de palavras, sua análise acabou caindo mais pelos aspectos "quantitativos" do conto do que pelo aspectos "qualitativos". Observemos alguns pontos.

Após analisar (e refutar) nos dois primeiros parágrafos "possíveis definições" de contos baseados em números de palavras, no terceiro parágrafo Dr. Cristiano analisa o conto a partir do ponto de vista da brevidade. Assim, considerando o fato de um conto apresenta poucos personagens e que o enredo é menor (geralmente mudanças do status quo), ele aborda estas questões como pontos que delimitam o tema e conclui, de forma magistral (devo admitir) em que conto seria aquilo que o estilo do escritor e a aprovoção do leitor achar que deva ser um conto.

Pois bem, os pontos levantados pelo Dr. Cristiano apenas tangenciam algumas características externas do conto. Porém, se perscrutarmos mais o assunto, podemos observar o conto possui três características essenciais: Exatidão, Leveza e Rapidez. E estas irão determinar a brevidade do gênero.

A exatidão do conto está na sua linguagem. Mesmo sem perder a docelidade da poesia, ele precisa ser mais exata, conduzir o leitor direto ao ponto. No romance ou na peça de teatro pode-se haver pequenas disgressões ou ser construídos como desvios de percursos (como no caso da "Insustentável Leveza do Ser" de Milan Kundera, cujo começo é disgressão filósofica sobre Nietzsche que norteiará toda a trama psoterior da obra). No conto, não. Ou dizendo de outra forma, um romance permiti-se a análise. No conto existe a síntese. E a síntese só reside com palavras exatas, que já aponte mais ou menos o caminho. Fora disso, existeria então outros gênero: prosa poética, crônica, ensaio (no sentido original da palavra).

A rapidez no conto está na sua leitura. Um conto deve ser lido numa sentada (disse Edgar Allan Poe, citado pelo Dr. Cristiano Lombardi), dentro de um único resfôlego. Por isso que raramente encontramos capítulos num conto. Se um romance pode ser lido aos poucos, com pausas; no conto o leitor deve ser agarrado pelo colarinho e ser abandonado apenas no final da leitura. Um bom conto deve ser estruturado para que o leitor não pare no meio para reflitir. O conto deve levar a uma reflexão de conjunto, não de partes. Quando isso acontece (exceto nas leituras profissionais dos críticos), o conto perde sua característica para assumir a de outros gêneros literários: novela, mini-romance, prosa poética, monólogo teatral.

Finalmente, há a leveza: um conto é uma narrativa leve e ágil, como uma polaroid ou uma explosão fulgurante. Denso ou não, o enredo do conto deve sr construído dentro da leveza, com agildade de encadeamento. Sendo assim, com o enredo ágil e leve, construído com palavras exatas, chage-se a rapidez de leitura do conto. Talvez amelhor metáfora do conto seja a pérola, comparada ao diamante. Um romance pode ser um diamante tão grande como o hotel Ritz, por suas características. Já o conto deve ter a leveza e a circularidade de uma pérola. Se um diamante pode ser multifacetado, o conto é redondo e leve o suficiente para ser carregado no pescoço ou no dedo do leitor.

Estas três características, na minha opinião, é que estão na base do gênero conto: Leveza, Exatidão e Rapidez. E consequentemente irá resultar em brevidade e outros aspectos levantados por Cristiano.

Em suma, minha discordância quanto a posição de Cristiano, no seu ensaio "What is a short-story?", está no ponto de partida para análise. O nobre colega Dr. Cristiano partiu da brevidade para definir o gênero. Só que começou exatamente na sua conseqüência, sem perceber que o gênero possui outros pontos mais profundos. Por isso que sua conclusão acabou jogando nas mãos do escritores e dos leitores a definição do gênero, quando estas já estavam dadas a priori pelas características supracitadas.

Mas essas são apenas conclusões provisórias tiradas por mim. Espero a defesa do Dr. Cristiano sobre minhas objeções, que, creio eu, será relevante e agradáveis para o nosso debate.

Vosso amigo e olega de estados literários

Herr Doktor Xosé Ricardo, Ph.D.

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